Sutiãs velhos servem como isoladores acústicos
Sutiãs velhos são entregues em lojas de roupa íntima em troca o cliente ganha descontos de 3 a 5 euros na compra de peças novas. Depois as peças recolhidas são recicladas para utilização na fabricação de painéis isoladores e de absorção sonora.
Essa estratégia está sendo praticada em Portugal, pela Intimissimi e Triumph, sendo que a marca italiana desconta três euros do valor de um sutiã novo em troca de um sutiã velho e a alemã, no mesmo procedimento, abate 5 euros na compra do cliente.
Francesca Vellano, do Departamento de Comunicação e Imagem do grupo Calzedonia, que detém a Intimissimi, afirma que essa “é a primeira marca de roupa íntima a propor a destruição e reciclagem de sutiãs velhos com a finalidade de produzir painéis absorventes e isoladores de som capazes de atenuar vários tipos de poluição sonora e de assegurar excelentes performances de insonorização em qualquer estrutura”.
“É também a primeira vez que a atividade da reciclagem utiliza sutiãs para a produção de revestimentos permeáveis”, realça a mesma responsável. “A Intimissimi procura afirmar-se como brand ecológica e de tendência, reduzindo a sua pegada ecológica e a dos seus clientes, apoiando a eco-sustentabilidade e transmitindo a ideia de que uma atitude defensora e amiga do ambiente é uma moda intemporal”.
Madalena Moniz Pereira, chefe do Departamento de Marketing da Triumph Portugal, recorda que esta prática de incentivo à reciclagem de sutiãs usados foi lançada na Alemanha em 2009, revelando-se um “case study de sucesso” que depois “foi adoptado por outras marcas da concorrência”.
Em Portugal, a campanha chegou em março de 2010 e resultou num “êxito de vendas”, até porque, “numa altura em que a crise económica anda de mãos dadas com os consumidores, é natural que as marcas – umas mais criativas, outras menos – criem soluções que vão de encontro às expectativas dos seus clientes”.
Madalena Moniz Pereira realça também que a reciclagem de sutiãs tem ainda um efeito prático na saúde das utilizadoras. “Cerca de 80% das mulheres usa o número e o tipo de sutiã errado para o seu corpo”, observa. “Como não sabem escolher e têm algum embaraço em perguntar, compram lingerie por impulso e, às vezes, essa é usada uma vez e posta de lado, porque a mulher não se sente confortável”.
“Agora, mesmo numa altura de crise, as mulheres vão poder trocar os sutiãs cujas alças lhes fogem dos ombros, que têm elásticos frouxos ou que pura e simplesmente não as fazem sentir confortáveis”, conclui.
Os sutiãs usados recolhidos nas 58 lojas que a Intimissimi tem em todo o país vão ser entregues à empresa OVAT Campagnari SRL, que Francesca Vellano aponta como “líder na recolha e recuperação de materiais”, com base na experiência que os seus fundadores recolheram inicialmente no sector da construção civil e que agora alargam à área dos têxteis e do ambiente.
Só no que se refere ao tratamento de resíduos e desperdícios derivados de fiação, tecelagem, malharia e embalagens, a empresa processou o ano passado mais de 1.000 toneladas de material, transformado depois em produtos semi-acabados para reingresso na linha produtiva, como é o caso de isolamento acústico, isoladores térmicos, estofados, materiais de limpeza e cortinas.
À campanha da Triumph, por sua vez, aderiram em Portugal 25 lojas, 20 ‘franchisados’ e mais de 100 clientes com várias representações, mas a chefe do Departamento de Marketing da marca não adianta que tipo de utilização será dado aos sutiãs usados a nível de reciclagem.